Orlando
Junior
Um
dos mais conhecidos cartões-postais da cidade
de João Pessoa, a falésia do Cabo Branco,
está enfrentando um grave problema de erosão!
Segundo estudos realizados pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Hidroviárias (INPH), organismo
vinculado à Companhia Docas do Rio de Janeiro,
nos últimos 200 anos a barreira recuou cerca
de 100 metros.
O
desmoronamento da barreira do Cabo Branco se arrasta
há muitas décadas, porém a
situação se agravou esse ano com a
queda de parte da mureta do mirante, em frente ao
farol. A queda foi causada essencialmente pelo avanço
do mar. A visitação ao local ainda
inspira cuidados e em vários pontos foram
colocadas placas e fitas de sinalização
alertando os visitantes sobre os riscos de desabamento.
Desde
o ano 2000 que projetos vêm sendo analisados,
mas nenhum deles ainda foi consenso entre as autoridades
e os órgãos de defesa do meio ambiente.
Em 2001 a Prefeitura apresentou um projeto que previa
a construção de uma estrada no sopé
da montanha, para conter o avanço do mar!
Na época, a então Presidente da Associação
Paraibana dos Amigos da Natureza (APAN) Paula Frassinete,
ironizou que a construção dessa estrada
trairia ainda mais calamidade para a falésia,
pois destruiria todo um ecossistema que ainda estava
em estudo.
O
ex- Secretário do Meio Ambiente, Josimar
Viana, entende o avanço do mar como fenômeno
natural, que não deve ser impedido. "Ninguém
pode saber qual será a conseqüência
disso. Se não puder avançar sobre
a barreira do Cabo Branco, onde não há
casas, o mar poderá fazê-lo em área
habitada da cidade", acredita.
Entretanto,
a atual administração da Prefeitura,
vem desenvolvendo projetos para tentar diminuir
o impacto do mar sobre a falésia. A Secretaria
da Infra-Estrutura (SEINFRA) defende a construção
de um muro de gabiões sob a argumentação
de ser a proposta mais viável em todos os
aspectos. Segundo o secretário Fred Pitanga,
a economia com essa proposta pode chegar a 50%,
comparada aos métodos tradicionais, levando
em conta a sua durabilidade e pouca manutenção.
“O
projeto está orçado em torno de R$
3 milhões. Outra vantagem é que o
gabião não exige tempo de “cura”,
não necessita de fundações
elaboradas e pode ser executado em pouco tempo.
“A opção pelos gabiões
atende às necessidades para a contenção
imediata da falésia do Cabo Branco. É
um método rápido, eficiente e de custos
baixos comparados às outras propostas, além
de ser também a de menor impacto ambiental”,
enfatizou o Secretário.
Fred
Pitanga esclarece ainda que esse projeto faz parte
de uma proposta maior da Prefeitura Municipal que
é o Parque Ecológico do Cabo Branco,
anunciado recentemente pelo Prefeito Ricardo Coutinho,
para recuperar e reflorestar uma extensa área,
incluindo a falésia, a Praça de Iemanjá
e o Farol.
O
aposentado Manoel Guedes, freqüentador assíduo
do local vê com certa impaciência toda
essa discussão que já se arrasta por
quase uma década, sem resultados concretos.
“Enquanto eles discutem a barreira vai caindo!
No meu tempo de criança, em 1936, eu passava
por aqui e essa ponta era muito avançada,
então foi diminuindo, diminuindo, até
perder cerca de 200 metros, de maneira que eu sinto
muita saudade do passado. Eu não vejo mais
a ponta do Cabo Branco, só vejo um monte
de homem de gravata discutindo para saber qual o
valor do projeto e quanto ele vai levar nessa história”
, finaliza.