1- EL: Que significado tem para você
o dia do professor?
Elias:
Apesar das datas comemorativas terem uma intenção,
às vezes mercadológica, acredito que
a comemoração do dia dos professores
deva ser uma demonstração de respeito,
reconhecimento e agradecimento por esse profissional
que tanto dedica seu tempo e conhecimento para construção
do saber seja na criança ou no adulto. É
um dia de comemoração pelas ações
que se realizam nas várias salas de aulas
do ensino formal e informal, a cada dia e incansavelmente
pelo professor.
2- EL:
Em meio as perdas salariais, como você analisa
a situação do professor atualmente?
Elias:
Cada dia mais sem perspectiva de comprar seu livro,
sua internet à cabo, seu jornal de tiragem
nacional ou mesmo internacional, sua revista favorita,
seu cinema, etc... ou seja, sem poder expandir seu
conhecimento, atualizar seus bancos de dados, despreparado
pela política de restrição
orçamentária da política econômica
governamental. O resultado é visto nas universidades
públicas semi-asfixiada em suas funções,
com rendimento ainda suportável ,mas já
dando sinais de desmantelamento total, nos laboratórios
e bibliotecas completamente desatualizados ou faltando
o material mínimo de funcionamento. Mas ainda
somos guerreiros... estamos na luta por nossos direitos,
atentos aos deveres e tentando realizar a utopia
de um ensino público, gratuito e de qualidade.
3- EL:
Vale a pena ser professor apesar da defasagem salarial?
Elias: Professor não vê
só cifras. Ele precisa de um salário
digno como os juizes, os médicos, os bancários,
a doméstica, etc. Mas quando vemos a política
de desnivelamento salarial, à distância
e disparidade dos salários nos três
poderes do funcionalismo público, além
dos salários pagos aos governantes e representantes
políticos, ficamos indignados, tristes e
ofendidos. De Lula à D. Pedro I, todos passaram
pelas mãos de um instrutor, um pedagogo,
um professor tendo as instruções necessárias
ou para reger uma nação imperialista,
ou para tomar as decisões de um país
democrático e em desenvolvimento, surgindo
de uma liderança sindical para o planalto.
Essa deveria ser uma lição que deveria
levar a marca desse governo, melhorando e dignificando
nossos salários.
4- EL:
As greves de professores atingem diretamente o corpo
discente. Há o que se fazer para que aluno
não saia prejudicado?
Elias: De acordo com o comando
de greve, existe sempre uma negociação
de reposição de aulas e essa deve
ser cumprida, por ética e por dever institucional.
Acho que a ótica não deve ser do prejuízo.
O aluno, assim como o professor e a instituição
como um todo, deve pensar nos benefícios
dos ganhos reivindicados pela pauta da greve. Se
só olharmos para a questão do salário
do professor, além de reduzirmos o conteúdo
e o problema, perderemos o foco da contribuição
que teremos se o governo atender as reivindicações
do professores. Se a sala de aula, o giz, o material
que o professor é de má qualidade,
o aluno reclama, esculhamba. Mas se melhora as condições,
não se lembra de ver de onde saíram
essas reivendicações.