|
|
Fé
e devoção |
Orlando
Junior
Mais
de duzentos mil fiéis prestigiaram na madrugada
do último domingo a Procissão de Nossa
Senhora da Penha. O ato litúrgico, que percorre
as principais ruas de João Pessoa, transcorreu
sem problemas. Acontecendo há 242 anos, a procissão
nesse ano foi acompanhada por seis trios elétricos!
A
romaria é o ponto alto da programação
religiosa, que teve início no último
dia 19. A história do início dessa devoção,
que já virou um evento turístico, atraindo
pessoas de diversas partes do país, teve início
em 1763 quando, após passar por turbulências
no mar, o português Sílvio Siqueira e
sua tripulação pediram proteção
à Santa. Atendidos no pedido eles prometeram
construir uma igreja em homenagem à santa.
Instantes depois desembarcaram tranqüilos na
praia de Aratú, hoje praia da Penha, e lá
deram início ao culto que a cada ano atrai
mais fiéis.
Fé
é a palavra mais usada para descrever o sentimento
das pessoas com relação à procissão.
“A fé, o amor a Nossa Senhora e a promessa
que eu fiz de sempre acompanhar, para agradecer
não só a graça que eu alcancei,
mas todas que eu irei alcançar”, diz
a funcionária pública Elizabeth Barros
da Silva. Já a dona de casa Fátima
Vale mostra muita confiança que irá
ter seu desejo atendido: “Fé, confiança,
perseverança e uma promessa que eu fiz, não
fui atendida ainda, mas sei que um dia serei”,
diz.
O
hoje professor de Educação Física
Leonardo Pontes conta que em 1984, ainda estudante
do ensino fundamental, enfrentava problemas com
a matemática, estando quase reprovado! Convidado
por uma amiga, veio à procissão e
fez o pedido! No último bimestre do ano teve
ótimas notas na matéria. “Sei
que pode parecer sem importância para muitos,
mas para mim significa muita coisa. Só eu
sei como seria difícil para mim se tivesse
sido reprovado naquele ano. Eu vinha do interior,
morava de favor na casa de parentes e recebia uma
bolsa, se tivesse perdido aquele ano, perderia a
bolsa! Vim à procissão e ela me atendeu,
agora venho todo ano até o dia em que não
puder mais”, disse com lágrimas nos
olhos.
Como
essas, existem centenas de outras histórias
parecidas e até mesmo promessas mais difíceis
de serem atendidas, mas os fiéis não
desistem. Mesmo aqueles que não tiveram suas
preces atendidas, participaram da procissão
e prometeram voltar no próximo ano. “Ainda
não fui atendida, mas o ano ainda não
acabou e minha fé aumenta a cada dia”,
fala dona Josefa Guedes de 47 anos que não
revela o que pediu à Santa.
A
fé dos romeiros é tão grande
que pode ser conferida na Sala dos Milagres, que
foi fundada no ano de 1953. São centenas
e centenas de pedidos atendidos que se transformam
em fotografias, casas em miniaturas, muletas, reproduções
de partes do corpo humano feitas em parafinas, fardas
escolares, cartazes e simples bilhetes que atestam
a fé de pessoas que no próximo ano
voltarão trazendo outros fiéis e ajudarão
a engrandecer ainda mais esse raro momento de amor,
fé e devoção.
|
|
|
|
|