Lílian
Moraes
“Mas,
onde foi que eu errei?” Essa é a pergunta
que sempre aparece no final de um quadro humorístico
do pai que se sente culpado de ter um filho homossexual.
Com a maior tolerância da sociedade, sobretudo
da mídia, aos homossexuais, muitas famílias
ainda se escandalizam e pais demonstram ansiedade
diante da possibilidade de seu filho “homem”
possa um dia revelar essa tendência sexual.
Há
controvérsias se o homossexualismo é
determinado geneticamente, se é resultado
da educação ou do meio ambiente em
que a pessoa é criada. A nova geração
de psicólogos tende a valorizar as relações
interpessoais com vizinhos, colegas da escola e
da rua, como fatores que mais pesam no desenvolvimento
da personalidade. Nesse sentido, meninos que se
comportam segundo o estereótipo de menino
(gostam de brincadeiras mais agressivas, identificam-se
com heróis, gostam de aventuras, ação,
são menos obedientes e se encrencam na escola
por má conduta, etc) se diferenciam das meninas,
que costumam ter um jeito mais suave e introspectivo.
O normal nessa cultura é esperar que os meninos
se sintam atraídos pelas mulheres, mas não
em ser como elas. Porém, sobram perguntas
sem respostas satisfatórias. Como entender
as pessoas que, desde crianças, sentem-se
atraídas pelo estilo feminino? Será
que, só por essa tendência, fatalmente
desenvolverão homossexualismo ou será
apenas uma fase passageira? E as meninas que admiram
outras meninas, que são fascinadas por pessoas
famosas, será que estão sendo atraídas
a se tornarem homossexuais ou trata-se somente de
simples admiração?
Segundo
o psicanalista Raymundo de Lira, tanto os meninos
quanto às meninas, até a fase da adolescência,
não se pode afirmar que serão homossexuais;
quando adultos, só por terem gostos e jeito
do sexo oposto. “São fases em que é
normal a presença de esteriótipos,
facilmente copiados na mídia e repetidos
nos gestos, mímicas e falas. Ademais, se
eles ainda estão em formação
total da personalidade, inclui também a psicossexualidade
ou sua definição sexual, esclarece
Raymundo”.
Os
estudos de Freud, no início do século
XX, jogaram um pouco de luz nas causas da homossexualidade.
Para o pai da psicanálise, três fatores
parecem determinar o homossexualismo: a forte ligação
com a mãe, à fixação
na fase narcísica e o complexo de castração.
No primeiro, o homossexualismo teria início
devido a uma forte e incomum fixação
com a mãe, o que impediria essa pessoa de
se ligar a outra mulher. O segundo fator, o narcisismo,
faz com que a pessoa tenha menos trabalho em se
ligar ao seu igual que em outro sexo. A estagnação
na fase narcísica faria com que o amor fosse
para eles sempre condicionado por um órgão
genital semelhante ao deles. O terceiro fator, aponta
problemas relativos à travessia da castração,
ou seja, sofrimentos relativos às perdas
e à idéia de morte que deixariam a
pessoa acomodada ou acovardada na sua psicosexualidade.
De
qualquer forma, ainda não foram respondidas
a contexto as questões: por que algumas pessoas
têm preferências ou tendências
homossexuais? Será que o homossexualismo
não passa de uma inveja do outro sexo? Ou,
seu desejo primeiro é não ter desejo,
nem ser “macho”, nem “fêmea”,
mas de ser terceiro sexo? Qual o limite da determinação
genética quanto a homossexualidade e o homossexualismo?
E a influência dos genes com os fatores ambientais
e a significação atribuída
ao próprio sujeito desejante?
No
momento, os estudiosos parecem estar de acordo em
somente um ponto: não há uma única
causa quanto ao que determina o homossexualismo.
Os
pais em geral deveriam educar seus filhos para uma
sexualidade sadia, sem preconceitos ou sofrimentos
desnecessários. Deveriam ter melhor preparo,
mais esclarecimentos e, sobretudo, saber escuta-los
nas suas dificuldades e dúvidas. Os pais
de homossexuais, não mais deveriam se perguntar
“Onde foi que eu errei?”, mas “Como
devo proceder para que essa situação
seja feliz?”, pois, em verdade, o amor não
tem sexo.