Orlando
Junior
A
história de Carlos Cartaxo sempre esteve ligada
aos direitos humanos e aos “direitos culturais”.
Quando foi presidente da Federação Paraibana
de Teatro Amador, criou projetos como o Interiorização,
que levava instrutores de teatro para os grupos das
cidades do interior. Quando morou no estado do Pará,
escreveu seu livro mais famoso, A Família
Canuto e a Luta Camponesa na Amazônia,
que acabou ganhando o Prêmio Jabuti, o mais
importante da literatura brasileira.
Cartaxo
ainda contribuiu de forma significativa para a mudança
na Lei de Códigos Urbanos do estado da Paraíba.
Essa contribuição se deu através
do espetáculo teatral O Espigão
Gaiato, de sua autoria. "Nós fazíamos
esse espetáculo nas ruas, nas praias, na
universidade, nas escolas e conseguimos, evidentemente
com a força da sociedade, mudar a lei, protegendo
a orla marítima dos especuladores",
diz Carlos Cartaxo com um largo sorriso no rosto,
aliás, uma de suas principais características.
Seu
mais novo trabalho, o livro Teatro de Atitudes,
volta a beber na fonte de O Espigão Gaiato!
Lançado na última sexta-feira (dia
23), o livro é a publicação
de dois de seus textos teatrais, o já mencionado
Espigão... e O Tico-Tico Cantador,
peça que foi escrita no final dos anos 80.
“Esse livro foi pensado com o intuito de fomentar
a discussão em torno do teatro paraibano
e, mais especificamente, na nossa dramaturgia”,
diz.
Segundo
o autor, dramaturgia é um gênero literário
pouco lido no Brasil e esse comportamento é
o inverso do que acontece nos países desenvolvidos.
“Publicamos os dois textos teatrais como forma
de estimular esse tipo de leitura. Como buscamos
o debate a partir da escrita teatral, elaboramos
esse trabalho tendo como referencial a história
do teatro a partir da dramaturgia universal”,
explica.
O
Teatro de Atitudes é o aprofundamento de
uma tendência que não pretende apenas
o entretenimento, nem a reflexão, mas, a
ação. “Ele demonstra que a arte,
e mais especificamente no nosso caso o teatro, possibilita
uma inserção provocadora, quebrando
paradigmas e proporcionando atitudes significativas
para uma sociedade moderna, solidária, saudável
e civilizada”, finaliza o autor.
Carlos
Cartaxo iniciou sua trajetória teatral em
1975. Em 1976
teve duas experiências como ator: a primeira
na Peça infantil T de Terra e B de Brasil
de Antônio Gomes, a segunda em O Muro
de Francisco Medeiros. Depois desse início,
participou de 12 espetáculos como ator e
dirigiu 20 espetáculos teatrais entre infantis,
adultos e teatro de rua. O autor tem ainda mais
de dez peças inéditas.