Elas se chamam Creusa, Shilon, Eunice, Albanita, Áurea,
Cleudes, Elza, Francês, Gilvanda, Izete, Luizete,
Nazaré, Inês e Mira, são alegres,
divertidas, esforçadas e a única coisa
em comum é que todas têm mais 50 anos,
muito embora a idade mental seja de uma adolescente
com muitas coisas a descobrir na vida. Juntas, inclusive
com alguns garotos da mesma idade e com a direção
do professor Cláudio Correia, estão
montando o espetáculo Pastoril da Melhor Idade,
que estréia no dia 12 de dezembro no teatro
Ednaldo do Egito.
A
frente do espetáculo está a lendária
e carismática Creusa Pires, diretora de Eventos
Especiais da Associação Brasileira
dos Clubes da Melhor Idade (ABCMI – PB), que
entre outros eventos organiza na cidade o Bloco
da Melhor Idade do projeto Folia de Rua, o espetáculo
teatral Chapeuzinho Vermelho na Melhor Idade e o
espetáculo de dança folclórica
Araruna e Ciranda. Creusa, que parece funcionar
a 220 wolts, recebeu nossa equipe de reportagem
quando realizava um dos últimos ensaios antes
da estréia da produção.
O
pastoril é uma dança folclórica
em que é homenageado o nascimento de Jesus
e o charme dessa montagem, entre tantas já
realizada, é o fato de todos os atores terem
mais de 50 anos: “Vai ser um espetáculo
lindo, com mais de 40 pessoas envolvidas. Temos
um ator com 99 anos (Pedro Nunes) e nosso objetivo
principal é se divertir, é viver,
nós estamos na idade de aproveitar”,
diz Creusa Pires com um largo sorriso no rosto.
Mas
nem tudo foram flores no decorrer da produção
do espetáculo, muito embora, todos os obstáculos,
tenham sido transpostos com muita inteligência,
força de vontade e sabedoria! O principal
problema apontado por Creusa, é a falta de
tempo hábil para os ensaios. “Muitos
de nós vamos deixar e buscar os netinhos
no colégio, além de termos obrigações
caseiras, juntar todos é muito difícil”,
ela reclama, para em seguida concluir: “Mas
vamos dando um jeitinho aqui outro ali e supermos
tudo numa boa”.
Já
para o Diretor do espetáculo, Cláudio
Correia, a principal dificuldade é o fato
dos participantes acharem que não podem realizar
determinados movimentos, além de não
decorarem os passos da coreografia: “O espetáculo
não exige tanto esforço físico
assim e elas descrobiram isso no decorrer dos ensaios
e o fato de acharem que não conseguem decorar
os passos da coreografia, eu já acho que
elas conseguem sim, mas o ritmo acelerado da vida
que levam, com muitas obrigações,
as fazem esquecer por um momento determinados passos,
mas elas logo se lembram quando a música
começa a tocar”, diz.
Os
ensaios são tão divertidos que elas
nem percebem que alguns alunos de um colégio
próximo, soltam um sorriso meio que sarcástico
a preconceituoso com a dança que presenciam.
“Olha, quem tem pré-conceito é
porque não vai chegar até aqui onde
todos nós já chegamos, e tem mais,
é bom viver o momento porque o futuro não
nos pertencem”, filosofa a ex-Vereadora Creusa
Pires.
“É
muito bom trabalhar com essa galera. São
pessoas que tem um ânimo de vida totalmente
diferente, apaixonante. Eu tenho um prazer monstruoso
e imenso em trabalhar com essas senhoras e senhores.
Está sendo uma verdadeira escola para mim”,
finaliza quase emocionado o Diretor do espetáculo
Cláudio Correia.