Orlando
Junior
2005
não foi um dos melhores anos para o cinema
brasileiro. Vivendo de extremos, o cinema nacional
viu quebra de recorde e amargou um ano de números
baixos e inexpressivos. Num ano em que o próprio
cinema americano encolheu, queda de público
estimada em 2,5%, os filmes brasileiros levaram aos
cinemas apenas 10 milhões de pessoas, ou 35%
a menos que no ano anterior.
Num
ano de quedas, a Cota de Tela para o cinema nacional
diminuiu com relação ao ano de 2004.
No ano passado as salas de cinema e outros espaços
de exibição pública comercial
teriam de destinar, no mínimo, 35 dias de
suas telas a pelo menos dois filmes nacionais. O
tempo de permanência em cartaz e a quantidade
de títulos a serem exibidos variavam de acordo
com o número de salas existentes em um mesmo
local. Em 2004, as salas tinham de dedicar 63 dias
de sua programação à exibição
de filmes nacionais, independentes do número
de salas que cada empresa possuísse.
Pelo
sétimo ano consecutivo o site Escrita Livre
monitorou as salas de cinema das capitais do Nordeste
para saber se elas cumpriram o Decreto Lei de número
5.328 (Cota de Tela). O resultado foi satisfatório,
pois os 182 cinemas da região cumpriram com
os números estipulados pelo decreto, muito
mais pela facilidade imposta pela nova cota, que
pela vontade própria dos exibidores em passarem
filmes nacionais.
Mesmo
num ano pouco satisfatório para o cinema
nacional, João Pessoa apresentou o melhor
resultado entre todas as capitais nordestinas, sendo
a que apresentou o maior crescimento com relação
ao ano anterior. Apesar de só ter melhorado
apenas uma posição, (foi sétima
em 2004) a capital paraibana apresentou filmes brasileiros
por 301 dias, um crescimento de 15, 18%. Fortaleza,
que no ano retrasado dividiu o primeiro lugar com
Salvador e Recife, foi a que apresentou a maior
queda, 11,28%, ou 328 dias.
Recife
é a capital nordestina que mais possui salas
de exibição, 44 ao todo, entretanto
possui um cinema que não exibiu filmes brasileiros
no ano passado, mas como essa sala faz parte de
um grupo que possui outras 24, cumpriu o decreto.
Já Aracajú tem o cinema que mais exibiu
filmes brasileiros na região por inacreditáveis
164 dias. Salvador é a capital nordestina
que mais exibe filmes nacionais (351 dias) e Maceió
a que menos exibe (239 dias).
Dos
41 filmes brasileiros lançados no ano passado,
30 passaram nos cinemas das capitais nordestinas
e desses 30, apenas 17 chegaram a João Pessoa.
O absurdo maior da temporada foi o fato dos exibidores
da capital paraibana não colocarem em cartaz
no circuito comercial o filme Cinema, Aspirinas
e Urubus, que foi filmado numa cidade paraibana!!!!!
No
ano em que o filme Dois Filhos de Francisco, de
Breno Silveira bateu o recorde de público
da chamada retomada do cinema brasileiro com mais
de cinco milhões de espectadores, João
Pessoa quase viu a quebra de recorde de um filme
nacional em exibição. Se em 2003 Cidade
de Deus ficou em exibição por 91 dias
consecutivos, no ano passado, o filme de Breno Silveira
ficou em cartaz por 90 dias, bem melhor que o campeão
de 2004, a comédia Sexo, Amor e Traição,
que foi apresentado por 64 dias.
Segundo
especialistas, em 2006 o cinema nacional apresentará
os mesmo números de 2005, a não ser
que surjam filmes mais populares que consigam repetir
o bom desempenho de E se eu Fosse Você, filme
dirigido por Daniel Filho que em pouco mais de 40
dias em cartaz já atraiu mais de dois milhões
de espectadores aos cinemas!
Clique aqui
e veja alguns números do cinema nacional.
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